Livro: Projetos sociais corporativos - Como avaliar e tornar essa estratégia eficaz
Autora: Maria Cecília Prates Rodrigues
Editora: Atlas, 2010
“Para quem não sabe para que porto velejar, nenhum vento é favorável” (Sêneca)
Os projetos sociais corporativos devem fazer parte da estratégia das empresas, e não mais serem vistos como iniciativas periféricas. Pois só assim, como defende Michael Porter, eles conseguem gerar o máximo benefício social para as comunidades e o máximo benefício econômico para a própria empresa.
Seguindo essa abordagem, o presente livro propõe avançar com a avaliação da ação social da empresa na comunidade com base nos critérios da eficácia pública e da eficácia privada. A autora discute os atuais desafios nesses campos e apresenta uma metodologia abrangente e objetiva para planejar, avaliar e comunicar os projetos sociais corporativos.
Por meio de vários exemplos e casos práticos, o texto ilumina erros e acertos que vêm sendo realizados e aponta aspectos-chave para o fortalecimento da gestão da ação social empresarial e para os seus resultados mais efetivos.
Obra destinada a profissionais de empresa, que lidam direta ou indiretamente na área social, bem como para profissionais do terceiro setor e do setor público, que devem ter a maior clareza possível sobre a lógica de atuação social do setor privado, em prol de uma parceria mais frutífera nessa área. Leitura básica para cursos de pós-graduação que contemplam a gestão de projetos sociais.
O presente livro representa um esforço em avançar no tema da avaliação da ação social da empresa, iniciado com o livro que publiquei em 2005, Ação social das empresas privadas: como avaliar resultados? A metodologia EP²ASE. Nesse livro anterior, havia me concentrado em três aspectos básicos: (i) entender e situar a ação social das empresas no contexto corporativo do novo milênio; (ii) propor a metodologia EP²ASE (Eficácia Pública e Eficácia Privada da Ação Social da Empresa) para monitorar e avaliar os resultados do investimento social privado na comunidade; e (iii) aplicar a referida metodologia para o caso da ação social da Xerox do Brasil.
De lá para cá, as consultorias que tenho prestado em avaliação de programas sociais corporativos, a participação em eventos e seminários, a experiência em sala de aula, além do acompanhamento da literatura específica, me têm convencido de que o tema continua palpitante, cheio de desafios metodológicos a serem trabalhados, e de polêmicas e nós a serem desatados no que concerne às práticas corporativas nesse campo. Ainda mais agora que, depois da crise internacional de 2008, as empresas tornaram-se mais cautelosas e o investimento social privado passa por uma nova “prova de fogo”. O que vai ocorrer com ele – minguar, porque estão secando as suas fontes de financiamento e, nesse caso, retroceder à sua velha posição periférica no contexto corporativo, que vigorou até a década de 1970? Ou vai se fortalecer, porque as iniciativas sociais na comunidade estão, de fato, conquistando a tão apregoada importância na estratégia das empresas e na parceria delas com os governos em prol do combate à pobreza?
Movida por esses desafios e, sobretudo, pela vontade de contribuir para que a ação social da empresa (ASE) se consolide como uma estratégia efetiva para a promoção do desenvolvimento social nas comunidades carentes onde a empresa atua, decidi sistematizar e compartilhar a experiência que vinha tendo em avaliação social. Foi daí que surgiu a ideia deste novo livro. Ou seja, o livro visto como uma oportunidade para refletir sobre experiências vividas, cruzar teoria e prática e levantar questionamentos de ordem conceitual e metodológica, com o sentido de contribuir para o avanço da avaliação da ação social corporativa e para os seus resultados mais efetivos.
A metodologia de avaliação EP²ASE está baseada no critério da eficácia, buscando avaliar se a ação social da empresa (ASE) alcançou os objetivos esperados para a comunidade-alvo da ação – “eficácia pública” – e se atingiu os objetivos pretendidos para a empresa – “eficácia privada”. Dando continuidade ao que foi desenvolvido no livro anterior, procuro agora enfatizar a importância de avaliação vir integrada desde o início aos processos de planejamento da ASE e de comunicação com os seus principais stakeholders, o que raramente tem ocorrido na prática. Uma das principais constatações das avaliações que tenho feito é de que há grande dificuldade no planejamento. Não há a adequada comunicação com os principais grupos envolvidos com a ASE ao longo das etapas do planejamento e também da avaliação, o que gera ação descolada das necessidades da empresa e da comunidade. Os objetivos são imprecisos, não se sabe aonde se quer chegar, o público-alvo da ASE é mal definido, diagnósticos incompletos são utilizados – o que não só inviabiliza uma avaliação consistente, como gera baixo potencial para “eficácia pública” e “eficácia privada”.