Foi uma honra ter sido entrevistada pelo Fábio Deboni no seu PODCAST Impacto na Encruzilhada / Episódio 172, de 30.07.2024. Fábio deu ao episódio o título (pomposo) que está acima “Um balanço da atuação socioambiental ao longo das décadas”.
Na realidade, a entrevista girou em torno de uma retrospectiva que fiz do setor social no Brasil de 1982 até os dias de hoje, a partir da minha própria trajetória de vida e da minha inserção nos diferentes contextos sociais do país. De fato, foram mais do que 4 décadas, um período que voou, porém de muitas mudanças. Basta ver que saltamos de uma fase em que a empresa era valorizada basicamente pela rentabilidade, para outra onde o que conta mais é o propósito e/ou impacto social que ela tem.
Um período que começou com a minha dissertação do mestrado em 1982, quando ainda era o governo federal que definia a política de preços para o açúcar e o álcool, e eu quis investigar o impacto do (então) Proálcool na vida do pequeno produtor familiar de cana. Depois, no início dos anos 2000, as empresas no Brasil, sobretudo as maiores, começavam a estruturar o seu programa social nas comunidades do entorno – foi quando, na minha tese de doutorado (2004), eu desenvolvi uma metodologia para avaliar a ação social das empresas privadas, baseada no critério da eficácia. Finalmente em 2011, com a expansão das organizações do terceiro setor e a necessidade de fortalecer a sua capacidade de gestão, eu passei a me dedicar a mentorias de planejamento e avaliação dos projetos sociais nessas organizações, levando em conta as suas necessidades e contextos específicos.
Daí porque, em relação à pergunta inicial do podcast (“quem é a Maria Cecília”?), e vendo hoje em retrospecto, eu me defino como uma pessoa que analisa, que pesquisa e que sempre se situou ao longo da vida no limiar entre a teoria e a prática. Não sou uma teórica / acadêmica, mas também não sou uma “prática” no sentido de ter uma vivência do dia a dia das organizações. Assim, e até hoje, eu busco me inserir na realidade do que estou examinando, entendê-la, sentir as “suas dores”, mas ficando sempre nesse limiar entre a teoria e a prática.
Como diz o Fábio, “sem maiores delongas, aperte o play” (no Spotify) e ouça ao episódio. Sendo que, para não fugir às raízes, às vezes falo meio rápido e em mineirês…..