Muitas vezes a avaliação acaba se tornando em ponto de estrangulamento para as organizações do terceiro setor. Elas têm que se submeter às diferentes exigências dos seus financiadores e, o pior ainda, a padrões de excelência (do tipo gold standard) que não se coadunam com a realidade dos projetos sociais e das próprias organizações.
A principal razão é que o terceiro setor (ou o setor social) é constituído por organizações muito diferentes entre si, em termos de tamanho, recursos, áreas de atuação, objetivos e níveis de maturação dos seus projetos.
A esse respeito, recomendo a leitura do post da Erica Bertolotto (24.08.2017), no blog da New Philanthropy Capital (NPC). Sucinto e denso, resume alguns aspectos centrais da avaliação de projetos sociais, fruto da experiência do longo trabalho da NPC com o terceiro setor – e com os quais eu concordo plenamente.
Quando a avaliação (experimental) de impacto social é desnecessária……
Primeiro, se a organização está implementando um modelo de projeto social que já foi exaustivamente pesquisado (pelos acadêmicos) e já se sabe ser uma estratégia efetiva, não é preciso mais medir o impacto social dele. Ou seja, à semelhança de um experimento de laboratório, comparar os resultados entre grupos com projeto e grupos sem projetos implica em testes onerosos e, de antemão, desnecessários, uma vez que a sua efetividade já foi devidamente comprovada.
Segundo, e como decorrência do aspecto anterior, se já se conhece que um determinado modelo de projeto social é efetivo, a garantia dos seus resultados junto ao seu público beneficiário fica na dependência da forma como se dá execução do projeto. Se a execução for boa, a efetividade está garantida; se a execução for ruim, o projeto não surte os efeitos esperados. Daí, porque se torna fundamental ouvir, de forma criteriosa, os beneficiários do projeto e a equipe implementadora. É uma maneira direta de conhecer os resultados específicos daquela ação social, entender o seu modo de operacionalização e como as atuações/atividades podem ser melhoradas.
As prioridades na coleta dos dados
Terceiro, normalmente nas organizações do terceiro setor os recursos (humanos e financeiros) são escassos. A avaliação deve, pois, priorizar a coleta de informações que, de modo direto, vão ser úteis para embasar a oferta dos serviços sociais, os chamados registros administrativos. Como por exemplo, formar o cadastro de acompanhamento dos usuários do projeto.
Muitas vezes, nem é preciso coletar mais dados – pois as informações necessárias já são levantadas pelo projeto, e cabe apenas sistematiza-las para poderem ser analisadas. Ademais, se a avaliação é percebida como sendo útil para o projeto, tanto os beneficiários como a equipe vão se comprometer com ela.
Quarto e último ponto, não faz sentido cada financiador impor às organizações as suas próprias exigências de avaliação, o que vem ocorrendo de forma crescente no setor social. Com isso, a avaliação acaba sendo erroneamente percebida pelas organizações como mero pré-requisito burocrático a ser cumprido para obter financiamento.
Não se pode esquecer que o papel central da avaliação é atender às necessidades de informação da própria organização, de modo a poderem orientar a condução dos seus projetos sociais com a maior efetividade possível. Assim, as exigências dos diferentes financiadores por prestação de contas é que deveriam se submeter ao sistema de avaliação que a organização já adota – e, se for o caso, pode ser aprimorado. A organização deveria ter um sistema único (e integrado) de avaliação dos seus projetos sociais, com diferentes saídas (ou relatórios) para os seus diferentes financiadores.
SOLANGE
CONCORDO
SOLANGE
CONCORDO COM TUDO PROFESSORA!
João Aldemiro Japão
Certo, professora
Mikhail Oliveira
Informação precisa e organizada gera bons resultados para a avaliação