Indicadores sociais: sugestão de cardápio

Por on 21/06/2018

Sem bons indicadores, não se consegue demonstrar os avanços na realidade social, nem as dificuldades enfrentadas, e nem muito menos mobilizar recursos para os projetos. Os indicadores são essenciais para as organizações do terceiro setor, porém vejo que essas organizações ainda têm muita dificuldade em selecionar e/ou construir bons indicadores que sejam adequados para os seus projetos sociais.

Por isso recomendo, aos gestores de ongs, a leitura do livro do Paulo Jannuzzi, ´Indicadores sociais no Brasil: conceitos, fontes de dados e aplicações` que já está em sua 6ª edição, revisada e, mais importante, atualizada e ampliada. Com sua experiência de professor e pesquisador do IBGE e secretário nacional do MDS (Ministério do Desenvolvimento Social) ele apresenta uma abordagem didática, acessível e bastante abrangente sobre os indicadores sociais no Brasil.

Fica claro que o foco do livro é a análise da conjuntura e das políticas públicas, mas o gestor do terceiro setor deve ler o livro com o olhar de buscar adaptar os indicadores (apresentados no livro) para a realidade específica das suas iniciativas sociais. Ou seja, sobre como compor os seus próprios indicadores a partir, por exemplo, de  perguntas inseridas em questionários ou cadastros da instituição que, ao serem respondidas pelos clientes, vão servir para caracterizar o contexto pré-projeto, os resultados pós-projeto, e para compor a base de dados dos beneficiários da instituição.

O livro consegue cativar tanto iniciantes como iniciados. Em relação aos primeiros, a linguagem é simples e motiva, através dos exemplos, para o uso e as diferentes possibilidades de indicadores. Quanto aos iniciados, o livro prende a atenção por conseguir recapitular e sistematizar, de modo leve, os conceitos básicos (cap.1), as referências das bases de dados atualmente disponíveis (cap.2), a listagem com os principais indicadores sociais (cap.3) e a utilização dos indicadores nas etapas de formulação, execução e avaliação das políticas públicas (cap.4).

Em especial destaco o capítulo 3, por considera-lo um passo inicial importante na direção da medição compartilhada aqui no Brasil. Do meu trabalho com o terceiro setor, percebo a importância dessa tendência da medição compartilhada (ou shared measurement) iniciada, há mais de 5 anos,  por organizações think-tanks dos EUA e Reino Unido, tais como New Philanthropy Capital, Outcomes Star e Social Value International.

Nem toda organização (e aqui incluo também as empresas) tem competência para construir os próprios indicadores para avaliar os seus resultados sociais para a comunidade. Porém, toda organização tem a necessidade de tê-los, construídos de forma válida e confiável para realmente medirem o que se pretende (uma boa aproximação) e da maneira adequada.

Nesse sentido, um primeiro passo é que as organizações comecem a levantar  e sistematizar o próprio cardápio de  indicadores atinentes ao seu contexto de atuação. O desejável é que sejam indicadores que já tenham sido estatisticamente testados e que  tenham aceitação como referência de medição. E mais: as organizações devem também se manter atualizadas quanto aos novos indicadores que vão surgindo e aqueles que vão desaparecendo, como parte do processo de adaptação à realidade social que é extremamente dinâmica.

Com o objetivo de ajudar as organizações nesse primeiro esforço de sistematização, preparei uma tabela (link abaixo)  com os indicadores que estão apresentados e comentados no capítulo 3 (Principais indicadores sociais: significados e usos para política social) do livro do Paulo Jannuzzi,   e que  podem ser adaptados ao contexto das organizações.

Veja a tabela:  Indicadores sociais por área temática

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MARIA CECÍLIA PRATES RODRIGUES
Rio de Janeiro - Brasil

Maria Cecília é economista e mestre em economia pela UFMG, e doutora em administração pela FGV /Ebape (RJ). A área social sempre foi o foco de suas pesquisas durante o período em que esteve como pesquisadora na FGV , e depois em seus trabalhos de monitoria, consultoria, pesquisa e voluntariado.