Em seu artigo Dilema empresarial: como medir o impacto dos projetos socioambientais (27.01.2022), Rafaela Guedes Monteiro, gerente executiva de Responsabilidade Social da Petrobras, afirma que “a Petrobras passou a avaliar os investimentos voluntários do Programa Petrobras Socioambiental utilizando a metodologia SROI (Social Return on Investment) – e sua variante de Análise Custo-Benefício (ACB). Essa metodologia converte em valores monetários a transformação ambiental, social e econômica decorrente da implementação dos projetos. ….. Dessa forma, o SROI informa exatamente qual foi o resultado do projeto, …… sem margem para deduções ou subjetividades”.
Me permito aqui discordar da Rafaela. A metodologia do SROI é antiga, publicada em 2009 pelo Cabinet Office. De fato, tem a grande vantagem de envolver os stakeholders relevantes para o entendimento do impacto da iniciativa social.
Mas, de forma alguma, consegue eliminar as subjetividades da avaliação social. A metodologia do SROI apenas traduz – ou “envelopa”- de forma objetiva o resultado da aplicação de uma metodologia de avaliação, que é complexa e permeada de uma série grande de subjetividades e deduções. E, dependendo do uso que for dado ao indicador final estimado (como para a comparação entre impacto de projetos) corre o sério risco de enviesar a tomada de decisão e prejudicar a realidade socioambiental como um todo.
Há alguns anos essa questão da monetização do impacto social vem sendo objeto de reflexões que tenho feito, como mostro nos artigos abaixo.
- Retorno econômico de projetos sociais: limites da avaliação (março de 2010)
- Como calcular o valor do investimento de impacto? Os métodos monetários são os mais adequados? (06.05.2019)
- Avaliação de impacto: fantasia ou realidade? (17.06.2021)
Enfim, o alerta é de que devemos ter muita cautela ao fazer uso do SROI – ou de sua variante ACB. Pois precisamos ter clareza de que, sob o manto da objetividade do indicador, há várias subjetividades implícitas que foram adotadas para a sua estimativa.