Em maio último a Tesla foi excluída do DJSI (Dow Jones Sustainability Index), tido como índice de referência global em ESG (Environmental, Social and Governance). Vale lembrar que a Tesla, fundada em 2003, é uma grande fabricante de veículos totalmente elétricos e também de outros produtos à base de energia limpa. Tem como sua missão “acelerar a transição do mundo para a energia sustentável”.
Elon Musk, CEO e dono da Tesla (21% das ações), ficou revoltado por sua empresa ter sido desclassificada nessa última revisão do DJSI (ver matéria). Ainda mais que, segundo ele, a Exxon, uma multinacional produtora de combustíveis fósseis, ficou entre as 10 melhores em ESG no Índice. Musk saiu atirando por todos os lados, e afirmou que o DJSI é “uma farsa, virou uma arma dos falsos guerreiros da justiça social” Musk tem razão?
A meu ver, não! Como já comentei há algum tempo em artigo anterior no blog, há uma distinção nítida entre empresa de impacto e empresa ESG, ou socialmente responsável. A empresa de impacto diz respeito ao objetivo (missão), ou à razão de ser da empresa. Então, sem dúvida a Tesla é uma empresa de impacto.
Já a empresa ESG diz respeito ao modo de funcionar da empresa, aos processos de gestão adotados pela empresa. O DJSI tem justamente como finalidade mensurar esse modo de funcionar das empresas que compõem o DJI (Dow Jones Index), e pontuá-las segundo um índice-síntese, que varia entre zero (pior desempenho) e 100 (melhor desempenho).
Então, quanto ao modo de operar, a Tesla pode ou não ser classificada como ESG. Ocorre que, nessa última revisão do DJSI, a Tesla deixou de ser classificada como empresa ESG. Veja que as razões alegadas pela equipe responsável do Índice foram sobretudo relacionadas à dimensão social, ou seja, questões de discriminação racial, más condições de trabalho em fábrica da Tesla e à forma como a empresa lidou com a investigação de agências reguladoras dos EUA após mortes e acidentes envolvendo os veículos com autopilotagem da montadora. Ou seja, podem, sim, ter sido motivos mais do que suficientes para terem feito despencar o índice ESG da Tesla.
Evidentemente, essa discussão não se esgota. Primeiro, no caso específico do DJSI, é preciso conhecer mais de perto a metodologia do Índice para entender as diferenças de pontuação entre a Tesla e a Exxon para os diferentes indicadores, e se há pesos distintos para eles. Segundo, o que essa discussão ESG entre Tesla X Exxon mostrou é que, de modo geral, ainda precisamos avançar bastante na medição e comparabilidade dos indicadores ESG, sobretudo os da dimensão social e de governança; e também na análise entre empresas de setores diferentes.