Jorge Paulo Lemann, Tuany Nascimento, Peter Tabichi e Paulo Batista: o que eles têm em comum?

Por on 19/07/2019

Seja em projetos sociais ou em qualquer outra área, o usual é seguirmos o modo padrão de fazer as coisas, sem nos questionamos se é, ou continua sendo, a maneira mais efetiva. Os quatro casos apresentados a seguir, a partir das falas dos próprios atores, correspondem a diferentes maneiras de inovar no campo da educação – ou seja, de fazer ou pensar diferente do tradicional.

 

  1. Inovando na captação de recursos

Colocar um sonho em prática não é fácil. Sobretudo quando se trata do início de um projeto social, que é a parte mais difícil. Geralmente os apoiadores de projetos sociais não querem financiar a infra-estrutura do projeto; preferem financiar as atividades em si do projeto.

Por isto é que na fase inicial de um projeto é super importante quando se consegue o apoio da própria comunidade a que o projeto se destina (o público-alvo). Pois demonstra que a comunidade valoriza de fato a iniciativa, e que não é apenas um sonho isolado do empreendedor. Depois, as forças vão se somando, e a iniciativa vai criando asas.

No VÍDEO, veja como o projeto “Na ponta dos pés” começou, foi crescendo  e se consolidando no Morro do Alemão (Rio de Janeiro) – a partir de iniciativa da bailarina Tuany Nascimento, que é da comunidade, juntamente COM as suas alunas de dança. Elas mesmas estão construindo em mutirão a nova sede do projeto.

 

  1. Inovando no modo de ensinar

Muito mais importante do que transmitir conhecimento para os alunos, ensinar é saber valorizar os alunos, ter afeto e demonstrar que “está junto” para conseguir o melhor PARA eles.

LEIA a entrevista de Peter Tabichi, vencedor do “Global Teacher Prize”, em que ele descreve como deve ser a atuação do professor. Ele é professor de ciências e matemática em uma escola de comunidade pobre no Quenia (África).

 

  1. Inovando no modelo de gestão

Reforço escolar, no contraturno da escola para crianças e jovens em comunidades de baixa renda, sempre foi projeto social de organização SEM fins lucrativos. E sempre subordinado ao ritmo da escola pública local. Ao criar o Alicerce Educação, Paulo Batista, ex-executivo do mercado financeiro, propõe oferecer reforço escolar para esse mesmo público-alvo – porém a partir de uma empresa de impacto, COM fins lucrativos. Vai utilizar metodologia internacional de ensino.

LEIA a entrevista de Paulo Batista em que ele descreve como pretende alcançar escalabilidade para a solução do problema da desigualdade de oportunidades de educação no Brasil.

 

  1. Inovando na estratégia

Para atuar com efetividade na redução da desigualdade de oportunidades /educação no Brasil, a orientação prevalecente é ter o foco rigoroso dos projetos sociais nos públicos da base da pirâmide, isto é, naquelas comunidades de baixa renda que se pretende atingir.

Desde 2007, a  Fundação Lemann ampliou essa ótica, ao criar o programa Lemann Fellowship. Oferece bolsas de estudo nas melhores universidades dos EUA, como Harvard e Columbia, com o compromisso de que esses jovens, ao voltarem para o Brasil, passem a ter uma atuação firme na busca de solução para os sérios problemas sociais do nosso país.

Combater a desigualdade e a pobreza no Brasil mediante bolsas de estudo em Harvard é uma estratégia que tende a ser vista com ceticismo, pois inverte o público-alvo usual (jovens que já detêm educação sólida). Nesse VIDEO, Jorge Paulo Lemann explica a lógica de atuação do programa.

 

ENFIM, o que Tuany Nascimento, Peter Tabichi, Paulo Batista e Jorge Paulo Lemann têm em comum? Todos eles são protagonistas de iniciativas / atitudes inovadoras no campo da educação, com forte potencial em contribuir para a redução das desigualdades e a pobreza no Brasil.

Fica aqui a minha sugestão para aqueles que atuam com projetos sociais: procurem aprofundar no conhecimento dessas experiências, extrair as suas boas ideias e, se for o caso, interagir com elas.

TAGS
POSTS RELACIONADOS

DEIXE UM COMENTÁRIO

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

MARIA CECÍLIA PRATES RODRIGUES
Rio de Janeiro - Brasil

Maria Cecília é economista e mestre em economia pela UFMG, e doutora em administração pela FGV /Ebape (RJ). A área social sempre foi o foco de suas pesquisas durante o período em que esteve como pesquisadora na FGV , e depois em seus trabalhos de monitoria, consultoria, pesquisa e voluntariado.